terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Memória institucional em risco: fatos portadores de futuro

Compartilho com todos a pesquisa desenvolvida por mim e pela pesquisadora Josinas, em trabalho realizado no Ipea, sobre o risco de perda da memória institucional do nosso País. O trabalho traz o levantamento de diversas sementes de futuro, no horizonte de 2050, que vale a reflexão de todos, em especial dos gestores públicos.

Destaco que a reflexão deve ser realizada por todos, pois esse processo deve estar acontecendo em outras instituições, seja elas públicas ou privadas também. Lembro que um país sem passado é um país sem futuro.

Encaminho o resumo do artigo e link para ele.

Prolifera-se, nos órgãos da Administração Pública Federal a divulgação da informação produzida em formato digitais, em sua maioria armazenadas nos sites das instituições. O estudo oferece uma reflexão sobre o risco da perda da  memória institucional no curto, médio e longo prazo. O objetivo da pesquisa é apresentar o levantamento e as justificativas das principais tendências, incertezas e possíveis rupturas relacionadas à preservação da memória institucional da Administração Pública Federal até 2050. A pesquisa tem caráter descritivo e qualitativo, cujo método utilizado foi o levantamento bibliográfico, documental associado a levantamentos realizados junto a órgãos públicos mediante roteiro de entrevista. Foram identificadas e justificadas 32 sementes de futuro, das quais 16 referem-se a tendências, 11 são incertezas e quatro são possíveis rupturas. A principal conclusão é que a memória institucional da Administração Pública Federal, em especial em Brasília, encontra-se em risco, configurando-se como uma megatendência. Considera-se a formulação de uma política de informação voltada para sua gestão e preservação, em especial a digital, associada um protagonismo profissional do bibliotecário, atuando frente à preservação e à gestão da informação digital. Essas medidas seriam rupturas que minimizariam essa perda.

Segue link do artigo:

https://periodicos.unb.br/index.php/RICI/article/view/31252/28750

MARCIAL, Elaine, VIEIRA, Josina da Silva. Memória institucional em risco. Revista Ibero-americana de Ciência da Informação, v. 14 n. 1, p. 1-21, 2021: https://doi.org/10.26512/rici.v14.n1.2021.31252

Boa leitura!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Eu e o Covid: a importância da estratégia na vida das pessoas


Com a chegada da pandemia da Covid-19 no Brasil e o fechamento generalizado da economia ocorrido em março, o Grupo de Pesquisa e Estudos Prospectivos NEP-Mackenzie desenvolveu cenários para o período pós-Covid-19 (https://bit.ly/2VTRWUQ).

O estudo me alertou em relação a politização da saúde no país e o perigo desse movimento. Um tratamento equivocado poderia levar ao agravamento da doença, ainda mais no meu caso por ser asmática. Nesse contexto, passei a estudar a doença, pois sem informação não é possível tomar decisões adequadas.

Como em qualquer processo de formulação de estratégia é necessário conhecer a si mesmo, seus pontos fortes e fracos (no caso, como está a sua saúde), seu “inimigo” (no caso o coronavírus ) e o ambiente em sua volta. O levantamento dessas informações é chave. Lembro que somos diferentes e cada um terá que identificar suas vulnerabilidades e tratá-las.

Não sou da área de saúde, mas minha principal competência, além de pesquisadora, é a de produção de informação estratégica e utilizei tal competência a meu favor. Procurei levantar o máximo de informação sobre a doença e tratamentos existentes para decidir qual seria a estratégia a ser adotada contra a Covid-19 ,caso me deparasse com o vírus.

Após analisar os dados e entrevistar vários médicos de diferentes áreas de atuação, sendo muitos da frente de batalha, fiz minha escolha: seguir o protocolo de Madri e fortalecer meu organismo para enfrentar a doença quando ela chegasse: alimentação saudável, exercícios físicos diários e reforço vitamínico – elementos básicos para o fortalecimento do organismo e da imunidade.

Faltava escolher o médico. Queria alguém que estivesse disposto a seguir o protocolo de Madri. O problema é que muitos médicos, apesar de confidenciarem que o utilizariam caso fossem acometidos pela doença, não o prescreveriam, pois não havia indicação nem comprovação científica para seu uso. Finalmente, encontrei um médico disposto a seguir o protocolo de Madri. Ele me submeteu a uma série de exames para verificar como estava a minha saúde e se havia alguma deficiência. Segui as orientações dele, que dosou as vitaminas que eu já estava tomando, acrescentou outras, bem como o uso da invermectina de forma preventiva. Afinal de contas, não basta planejar é necessário executar a estratégia formulada.

Apesar de todos os cuidados e de estar “em casa” durante todo o período, pois comprava tudo a distância, saia apenas para fazer as caminhadas diárias e mais recentemente para fazer os exames médicos – para ter um diagnóstico da minha saúde – em meado de novembro a doença atingiu o meu lar. Entretanto, eu estava preparada. A estratégia traçada foi executar, de forma rápida e precisa. O médico entrou rapidamente com a medicação da primeira fase e, apesar de eu fazer parte do grupo de riscos, os sintomas foram leves e duraram poucos dias. Não precisei entrar com as medicações indicada para a segunda fase.

Os cuidados durante a doença também foram importantes: isolamento, repouso, alimentação de qualidade e muito líquido. Esses elementos junto com os medicamentos são chave. O isolamento, além de evitar a contaminação de terceiros, evita o recebimento de nova carga viral, o que pode levar ao agravamento do quadro. O uso das vitaminas e suplementos alimentares ajudam meu organismo, pois não sentia fome. No início, não conseguia comer, pois o cheiro me deixava enjoada e depois que perdi o olfato, mal conseguia comer. Mesmo tomando suplemento alimentar emagreci três quilos em duas semanas.

Eu já possuía até um plano de contingência, caso eu tivesse que ser internada. Para toda estratégia, você tem que ter o seu plano de contingência: e se?

Muitas pessoas sabem e praticam em suas organizações a formulação de estratégia ou o planejamento estratégico e esquecem de fazer isso para suas vidas. Entretanto, o uso dessa metodologia na nossa vida pessoal pode ser decisivo, com esse exemplo que compartilho.

Quando não temos uma estratégia para a nossa vida, passamos a fazer parte da estratégia de alguém. Perdemos as rédeas de nossa vida que passam a ser conduzida pelo acaso ou pela estratégia de terceiros. Nesse contexto, convido-o a ser um construtor do futuro, de estar no comando de sua vida. Lembro que para tanto você terá que investir um tempo para produzir informação que aumente o seu conhecimento sobre si mesmo, sobre o “inimigo” e sobre o ambiente no qual está inserido. Sem informação de qualidade não há boa decisão. Como somos diferentes, cada um terá que encontrar o seu caminho.

Se você ainda não contraiu a doença, formule sua estratégia, pois mais cedo ou mais tarde você poderá se deparar com ela e, estando preparado, será muito mais fácil passar por ela. Lembre-se que o vírus não morre, ele está no ambiente e não vai ser só ficando em casa que você vai estar protegido. Você poderá encontrá-lo até quando sair para tomar a vacina.

Resolvi compartilhar minha história, pois ela pode servir de inspiração para outras pessoas que se esquecem da importância da formulação de uma estratégia e sua execução para a suas vidas pessoais. O Covid-19 é um exemplo, mas temos que nos posicionar como condutores da nossa vida, sendo assim:

Seja um construtor do seu futuro!

 

1 A Dra. Elaine Marcial é coordenadora do Grupo de Pesquisa e Estudos Prospectivos NEP-Mackenzie, especialista em planejamento por cenários e inteligência competitiva.