terça-feira, 15 de junho de 2021

O Brasil no programa Artemis da Nasa

Se pararmos para pensar estrategicamente sobre o futuro da humanidade, ela passa, no meu ver, pela descoberta de energia abundante e barata e pela conquista do espaço. Até para conquistarmos o espaço teremos que ter energia em abundância.

Hoje, o Brasil deu um passo importante na nova corrida espacial, que integra a iniciativa publica e privada, ao assinar a parceira com a Agência Espacial Americana (Nasa), que contempla a sua participação no programa Artemis. Tal programa tem por objetivo levar a primeira mulher e o próximo homem à Lua até 2024, bem como desenvolver tecnologias para enviar a primeira missão humana à Marte.

O plano da Nasa é duplo: alcançar a meta de um pouso humano até 2024 enquanto trabalha, simultaneamente, para a exploração lunar sustentável até o final da década de 2020, datas consideradas ambiciosas e que deverão acelerar as diversas inciativas que ocorrem em paralelo.

O programa Artemis foca no retorno à Lua a partir de 2021. A construção de elementos sustentáveis na Lua e ao seu redor permitirão o desenvolvimento mais rápido de novas investigações científicas e experimentos tecnológicos, que conjugam atividades robóticas e humanas.

Da mesma forma que a Estação Espacial Internacional criou as condições para avançarmos para a Lua, o estabelecimento de espaços habitados na Lua fornecerá as condições para a exploração e conquista de Marte.

Plagiando Neil Armstrong e dado um toque brasileiro: "Um pequeno passo de alguns brasileiros, mas um grande salto para o país." Espero que desta vez o governo brasileiro consiga manter o acordo e cumprir com suas obrigações e responsabilidades no acordo de cooperação, não repetindo o ocorrido com o frustrado acordo firmado também com a Nasa, em 1997, de participação no consórcio de construção da International Space Station.

O acordo visava a produção de componentes para a referida Estação Espacial e, em troca, poder ter acesso a ela. Tal acordo resultou na ida do primeiro astronauta brasileiro, o ministro Marcos Pontes, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Entretanto, o Brasil não cumpriu o referido acordo e ficou fora do projeto. Após quase dez anos de participação, o país deixou de ser considerado na lista de fabricantes da base orbital.

É esperado que com o novo acordo firmado entre a Nasa e o MCTI, junto com a Agência Espacial Brasileira (AEB), haja uma aceleração no programa espacial brasileiro. Essa nova parceria abre um mundo de possibilidade no campo do desenvolvimento científico e tecnológico para o nosso país, com a possível geração de diversos spin-off1 para a nossa sociedade. Também abre espaço para que empresas e startups brasileiras possam se tornar fornecedoras de produtos e serviços tanto para o processo de conquista da Lua quanto o de Marte, abrindo novas fronteiras para o comércio exterior brasileiro.

Convido a todos para uma reflexão estratégica de médio e longo prazo:

·       Quais serão os principais desenvolvimentos científicos e tecnológicos que serão gerados durante o programa que o Brasil terá acesso?

·       Quais os possíveis spin-off que esse acordo poderá gerar para sociedade brasileira? Quais os principais campos que serão beneficiados?

·       O espaço fará parte do comércio exterior brasileiro? Seremos fornecedores para a Lua e para Marte?

·       A participação no programa Artemis irá gerar emprego e renda para o Brasil?

·       Teremos brasileiros vivendo/trabalhando na Lua? E em Marte?

·       Teremos uma estação de pesquisa espacial na Lua, com temos na Antártida? E em Marte?

 

1 A Nasa frequentemente divulga os spin-off do programa espacial americano.

 

Referência

Para obter informações sobre a parceria do Brasil com a Nasa – Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/educacao-e-pesquisa/2020/12/brasil-oficializa-participacao-no-programa-artemis-da-nasa

Para obter mais informações sobre o projeto Artemis da Nasa – Disponível em:

https://www.nasa.gov/specials/artemis/

https://www.nasa.gov/topics/moon-to-mars

Para mais informações sobre os spin-off do programa espacial americano. – Disponível em:

https://spinoff.nasa.gov/

https://www.kennedyspacecenter.com/blog/nasa-spinoffs

 

 

Um comentário:

  1. Olá Elaine; me desculpe postar um comentário que é uma pergunta; e que nada tem a ver com a postagem. Estou tentando entender a diferença entre Cisnes Negros e Wild Cards (Coringas). Para mim são muito parecidos. Um colega comentou que apresentam diferenças sutis. Sem me dizer quais. Quando analiso os exemplos, cabem em uma ou em outra classificação. Em apresentações suas e do IPEA, sem autor, aparece uma sutil diferença: Cisnes Negros não determinam a lógica dos cenários e os Wild Cards sim. É isto? Que exemplos poderiam ser dados de um e de outra "semente de futuro"? Obrigado se puder responder.

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