Hoje pela amanhã assistindo, na CNN, uma entrevista com a Dra. Mariângela Simão, vice-diretora da Organização Mundial de Saúde (OMS) da área de medicamentos, vacinas e produtos farmacêutico, me fez refletir sobre quando o nosso país vai acordar para pensar e agir estrategicamente de forma antecipativa.
Nessa entrevista a Vice-diretora da OMS explicava as
dificuldades enfrentadas na distribuição de vacinas contra a Covid ao redor do
mundo, por meio do Covax Facility – consórcio criado pela OMS, do qual o Brasil é um dos participantes (https://bit.ly/31UgwIh).
A Dra. Mariângela
informou que alguns países como os Estados Unidos, a Índia, e outros países
europeus somente vão disponibilizar o imunizante após terem vacinado sua
população. O “excessivo nacionalismo”, palavras utilizadas pela entrevistada,
no meu entender, é plenamente compreensível frente ao estrago social e
econômico que uma pandemia causa em um país. Não estou analisando o mérito do
comportamento desses países, nem pretendo entrar no debate de qual seria o
comportamento ético adequado frente a humanidade, por isso existem organizações
internacionais, para pensar no todo. Estou apenas mostrando, nas palavras de
Nelson Rodrigues “a vida como ela é”: “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
As palavras dela me
fizeram lembrar dos cenários que construímos em 2006 para a influenza aviária.
Um dos pontos levantados foi justamente a alta probabilidade de falta de
medicamento, como por exemplo do antiviral Tamiflu, ou de EPIs, não por falta
de recursos para adquiri-los, mas porque os países iriam primeiro atender a sua
população para depois exportar para o outros.
Essa não foi a primeira
pandemia que a humanidade enfrentou e não vai ser a última. Frequentemente temos
que enfrentar surtos de doenças como as do H1N1 ou da dengue, provavelmente
iremos nos deparar com outras novas doenças que assolarão uma sociedade que
vive aglomerada em cidades. Sendo assim, temos que ter clareza de quais os
insumos estratégicos de saúde que o Brasil tem que ser capaz de produzir, em
curto espaço de tempo. Desenvolver competências, inclusive de pesquisa e
desenvolvimento, que garantam o desenvolvimento e a produção em larga escala e
a baixos custos, de forma ágil.
Que essa pandemia faça
o país acordar e tomar consciência de que não podemos ficar nas mãos de um
único fornecedor, muito menos de fornecedores estrangeiros para insumos
estratégicos, independentemente da área.
Se uma questão for
considerada estratégica para o país, termos que ter a competência para
desenvolver aqui no Brasil, de forma eficiente, a produção desses insumos e
produtos estratégicos. Planos de contingência devem estar prontos para serem
acionados ao surgimento de eventos inesperados. Temos que parar de apagar
incêndios e planejar com antecedência, afinal, competências não são
desenvolvidas da noite para o dia.
Temos que ter essa
lista de quais são esses insumos, produtos e competências estratégicas, em
especial, as que serão demandas no futuro, e investir nesse desenvolvimento.
Mas fico pensando... Já sabemos quais são os insumos, produtos e competências estratégicas? Se sabemos, por que não nos preparamos para acontecimentos adversos? Onde estão os planos de contingência? Por que o desenvolvimento dessas competências não são incentivada?
Acorda Brasil!