Há décadas que o Brasil carece
de uma estratégia de longo prazo, mas nessa última sexta-feira (30 de agosto de
2019), uma luz no fim do túnel surgiu. A Secretaria de Assuntos Estratégicos da
Presidência da República (SAE/PR) lançou o Sistema de Planejamento Estratégico
Brasileiro (SIPEB), no auditório do Anexo I da Presidência da República.
O evento adotou como lema: Planejar
é preciso! Além de necessário, sem planejamento, em especial de longo
prazo, o país fica à deriva, sofrendo diversas soluções de continuidade e
apresentando crescimento caracterizado como “voo de galinha”.
No mundo disruptivo que vivemos,
ter uma estratégica é fundamental. Quais serão nossas apostas estratégicas? Em
quais conhecimentos e tecnologias devemos priorizar nossos investimentos?
Focadas para que setor prioritário da economia? Quais as nossas prioridades
estratégicas? Quais os nossos desafios? Que fatores críticos de sucesso devem
ser tratados para que obtenhamos sucesso em nossos investimentos? Quem são os
atores-chave e que parcerias estratégicas deverão ser firmadas para a
construção do futuro desejado?
O projeto apresentado, baseado
na criação de um Centro de Governo responsável por formular a Estratégica,
coordenar o processo, monitorá-la e avaliar as políticas públicas, bem como realizar
a articulação política, a comunicação e o accountability necessários,
certamente não será trabalho de um único órgão. Será necessário a articulação
de ação conjunta para que realmente o nosso país tenha uma estratégia de longo
prazo, uma das funções primordiais da Presidência da República.
A comunicação, destacada como
uma das ações estratégicas desse sistema, é essencial visto que toda a
sociedade, em especial os agentes econômicos, devem conhecer a estratégia
Nacional para que possam ajustar seus investimentos e assim contribuir para a
sua consecução. Para tanto, será também necessário a construção e
internalização de um pensamento estratégico Nacional compartilhado por toda a
sociedade brasileira com temos hoje em dia: “Brasil celeiro do mundo”. A força
de um pensamento estratégico Nacional é enorme, ele age de forma subliminar
influenciando até mesmo nossas decisões pessoais de compra. Não é por acaso que
somos os líderes em vendas de caminhonetes. Ter uma caminhonete estacionada
dentro de um shopping é sinônimo de status. Também explica o sucesso da música
sertaneja em todo o nosso país. Este é o verdadeiro pensamento estratégico,
pois move uma sociedade e a economia de um país.
Outros pontos importantes
desse sistema referem-se à integração das políticas públicas e planos
estratégicos, buscando-se uma atuação proativa e prospectiva. Essa criação de
sinergia entre as políticas públicas nos trará agilidade e redução dos custos
de implantação e do tempo de obtermos os resultados. A atuação proativa, por
meio da antecipação de eventos futuros, será conduzida por uma sala de situação
chamada Sala Brasil. A atuação da Sala Brasil evitará crises,
desgastes políticos com questões muitas vezes de cunho tático ou mesmo
operacional, além de perda de tempo e de recursos desnecessários. Já a visão
prospectiva nos ajudará a construir o país dos sonhos, bem como a solucionar
problemas que carregamos há décadas. Essa visão será apoiada um Observatório.
A Sala Brasil contará
com monitoramento diário das principais questões estratégicas prioritárias,
terá espaço para as reuniões do Centro de Governo e do Conselho de Governo,
ambos responsáveis pelas decisões estratégicas. Disponibilizará salas temáticas
e de trabalho para debates e construção de soluções, tudo isso sustentado pelo
centro de monitoramento, apoiado por videowall. Já o Observatório
fornecerá as informações mais focadas à produção prospectiva.
O SIPEB será responsável por
coordenar a formulação da Estratégia de longo prazo que se desdobrará nos
planos táticos (médio prazo), operacionais (curto prazo) e nos projetos,
iniciativas e processos prioritários, integrando todas essas atividades ao
orçamento para que haja a alocação adequada de recurso.
Finalmente, parece que o nosso
país acordou para a importância de formularmos uma estratégia de longo prazo e
está investindo no que, acredito, ser o primeiro passo para nos transformar em
uma nação desenvolvida, conforme resultado apresentado no livro Brasil 2030:
cenários para o desenvolvimento (disponível para download no portal
do Ipea).
Mas esse, sem sombra de
dúvidas, não é um trabalho a ser executado somente pela SAE/PR. Haverá a
necessidade do envolvimento de todos os órgãos de Estado, no nível federal,
estadual e municipal, principalmente pelo fato de que as políticas públicas
acontecem no território e não em Brasília. Entretanto, é também necessário que
toda a sociedade brasileira se envolva nesse projeto, visto que sem um
pensamento estratégico Nacional esse esforço será em vão.
O Núcleo de Estudos
Prospectivos da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília (NEP-Mackenzie) esteve
presente no evento, representado pelos pesquisadores Dra. Elaine Marcial, Dr.
Thomas Fronzaglia; Ms. Marcos Pena e Ms. Marcos Françozo. O NEP-Mackenzie já
elabora proposta de pesquisa que irá contribuir com esse projeto. Então eu
pergunto: que país desejamos deixar para os nossos filhos e netos? E o que
devemos fazer como sociedade para construir com a construção desse país tão
sonhado? Qual a nossa contribuição?
Dra. Elaine Coutinho Marcial é
coordenadora do NEP-Mackenzie – Núcleo de Estudos Prospectivos da Faculdade
Presbiteriana Mackenzie Brasília.
Obs.: Foto Dra. Elaine Marcial
entregando o Certificado de Participação ao General Lauro Luís Pires da Silva, Secretário Especial Adjunto da SAE/PR.
Precisamos criar a mentalidade do longo prazo. Conhecer os desafios, as incertezas, construir cenários...planejar é mitigar riscos desnecessários.
ResponderExcluirConte comigo!
Requer visão de estado, muuto além de governo. Boa sinalização.
ResponderExcluirO desafio de elaborar cenários e pensar a longo prazo os interesses do Brasil são enormes. Parabéns pela iniciativa!
ResponderExcluirEstratégia de longo prazo, sinal de organização e conhecimento administrativo. Verdadeiramente, um alento às expectativas sobre o nosso amanhã.
ResponderExcluirParabéns pela criação dessa área.
ResponderExcluirPorém já vimos vários planejamentos, que ficaram nas estantes de governos, porque restringi aos especialistas e funcionários públicos, que não conhecem a realidade brasileira, porém conhecem e pesquisam um determinado tema.
É necessário a participação da sociedade com sua apropriação, lembrando que o país, o território (município, distrito, região ou estado), pertencem à sociedade. O pPder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário estão a serviço da sociedade e não aí contrário, como constatamos até hoje.
A sociedade nestes planejamentos e a protagonista. Infelizmente, nosso país foi colonizado de forma exploratória, onde se desenvolveu a cultura da corrupção, o individualismo e o "leva vantagem em tudo".
Não temos a cultura do coletivo, de desenvolver o país juntos e construir um futuro que desejamos, principalmente, paea nossos filhos, netos e descendentes.
Acredito pela minha experiência, principalmente, que há necessidade de sensibilizar e conscientizar a sociedade para que seja mobilizada para que o Brasil seja conduzido às mudanças.
O que tem sido planejado e não executado são abordagens de apoio à decisão, para o longo prazo no Brasil o único tomador de decisão que continua após 4 anos de mandato é estará presente sempre é a sociedade. Por isso teremos que mobilizá-la, necessitando sensibilizá-lá e vonscientiza-la.
Desejo sorte, mas a abordagem que utilizam não trará resultados. É impossivel definir 4 cenários e não escolher um para realizar.
Temos que construir a Visão estratégicá do futuro do Brasil com a apropriação da sociedade. Escolher um único cenário e um que o contraste para desenvolver as ações de prevenção.