segunda-feira, 4 de maio de 2020

Cenários pós-Covid-19: possíveis impactos sociais e econômicos no Brasil


Avaliação estratégica

O projeto de construção de cenários para o ambiente pós-covid-19 chega a sua etapa final. 
Após a identificação das incertezas críticas, a lógica dos cenários foi construída tomando como base a análise conjunta dessas incertezas críticas, gerando dois eixos. 
As ideias forças de cada cenário imergiram da análise integrada desses eixos, cuja descrição encontra-se a seguir.
Cenário Insensatez
O cenário fictício Insensatez é contado por meio de um e-mail de um empresário do setor industrial brasileiro para um amigo, também empresário, na Espanha, relatando o período de pandemia e pós-pandemia no Brasil. A carta escreve a seguinte ideia-força:
Os países não conseguem recuperar suas economias de forma rápida e o mundo entra em um processo de recessão mais prolongada, que contribui para agravar o ambiente geopolítico, que se torna mais conflituoso entre as principais potências mundiais. No Brasil, a completa falta de governança federal e de coordenação entre os entes federados e o duro embate entre os três poderes durante e após a crise, não permitiram que o País levasse a cabo as reformas necessárias para recuperar a dinâmica de seu mercado interno e externo. Vive-se um ambiente de insensatez frente a uma pandemia.
 Cenário Contramão
O cenário fictício Contramão é contado por meio da análise retrospectiva elaborada em 2022, na véspera das eleições, publicada por um jornal fictício. As notícias publicadas pelo jornal descrevem a seguinte ideia-força:
Economia mundial em retomada, mas o comércio internacional está limitado por disputas entre os países. Brasil marcado por uma crise social e divergências entre atores relevantes públicos e privados internos. A economia brasileira patina face às medidas governamentais com baixa efetividade em um ambiente conflituoso entre os poderes da República e entre os governos federal e subnacionais. O Brasil segue na contramão da história.
 Cenário Solidariedade
O cenário fictício Solidariedade é contado por meio de um relatório de um banco de investimento fictício publicado em 3 de novembro de 2022, apresentando uma análise retrospectiva da situação do Brasil. Esse relatório descreve a seguinte ideia-força:
O Brasil supera a pandemia em melhor posição que outros países muito afetados pela Covid-19 e pela recessão mundial. A intensidade sem precedentes da crise mundial e interna levou a formulação de um pacto que resultou em um ambiente cooperativo entre os poderes da República e de solidariedade entre os entes federados e a sociedade. Esse ambiente tornou rápidas e efetivas as medidas governamentais para mitigação da crise sanitária, econômica e social. Houve estímulos à economia por meio de um plano de desenvolvimento, que sinalizou investimentos públicos e privados com benefícios econômicos e para o sistema de saúde. A solidariedade levou o país a nadar contra a correnteza da crise mundial.
 Cenário Sinergia
O Cenário fictício Sinergia é contado por uma notícia publicada no blog de um jornalista fictício no dia 7 de setembro de 2022, por ocasião das comemorações dos 200 anos da independência do Brasil e descreve a seguinte ideia-força:
Em 2022, a economia mundial já havia retomado seu crescimento. O Brasil apresenta visíveis sinais de que está deixando a crise do Covid-19 para trás depois de grande comoção nacional que fortaleceu a cooperação público-privada. O Estado brasileiro, com relativa estabilidade institucional, promove a expansão da economia digital e o país colhe os primeiros retornos, particularmente em tecnologia e inovação incremental, dos investimentos realizados em CT&I e no parque industrial da saúde. A nação foi colocada em primeiro lugar, acima das diferenças, possibilitando melhoria econômica e social por meio de parcerias sinérgicas.

Considerando que os cenários são histórias a respeito do futuro e que o futuro é sempre múltiplo e incerto, torna-se importante avaliar os quatro cenários para traçarmos estratégias sólidas e de sucesso.
Cabe lembrar que, em geral, o futuro não ocorre da forma como estão descritos nos cenários. Se bem utilizados, os cenários exercem um papel educativo, gerando aprendizado organizacional, que leva os atores estratégicos a agirem antecipadamente no sentido de construírem o futuro desejado, impedido a ocorrência de eventos não desejáveis ou gerenciando o seu risco, o que minimiza suas consequências.
A importância da identificação das oportunidade e riscos estratégicos que cada cenário apresenta auxilia nesse processo, contribuindo para a formulação de estratégias robustas independentemente de como o futuro irá se desenrolar.

As oportunidades representam aqueles fatores de criação de valor para a organização/área. Representam forças e fatores existentes no ambiente externo a organização que favorecem o atingimento dos objetivos estratégicos e suas metas. São exemplos:
·       Ambiente macroecômico favorável – economia forte.
·       Legislação favorável.
·       Ambiente geopolítico favorável.
·       Novos mercados e nichos.
·       Tecnologias emergentes.
Já as ameaças representam aqueles fatores de destruição de valor da organização. São forças e fatores existentes no ambiente que escapam ou fogem do controle da organização/área e representam desafios a vencer.
·       Crises econômicas e políticas.
·       Mudança no perfil do mercado.
·       Novos regulamentos que dificultam sua atuação.
·       Produtos substitutos.
·       Novos entrantes.


Um comentário:

  1. Prezada Elaine: Assisti a sua participação na reunião virtual de 20 de maio último e muito me impressionou a sua resposta sobre quais os principais ativos estratégicos do Brasil ao que prontamente respondeu: "O Povo Brasileiro"!
    Agora leio os cenários traçados neste artigo enquanto revejo a exibição da íntegra do vídeo da (talvez impropriamente intitulada ...) Reunião Ministerial e lhe pergunto: com esse histórico episódio será possível traçar um "cenário Pandemônio"?

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