Com a chegada da pandemia da Covid-19 no Brasil e o fechamento generalizado da economia ocorrido em março, o Grupo de Pesquisa e Estudos Prospectivos NEP-Mackenzie desenvolveu cenários para o período pós-Covid-19 (https://bit.ly/2VTRWUQ).
O estudo me alertou em relação
a politização da saúde no país e o perigo desse movimento. Um tratamento
equivocado poderia levar ao agravamento da doença, ainda mais no meu caso por
ser asmática. Nesse contexto, passei a estudar a doença, pois sem informação não
é possível tomar decisões adequadas.
Como em qualquer processo de
formulação de estratégia é necessário conhecer a si mesmo, seus pontos fortes e
fracos (no caso, como está a sua saúde), seu “inimigo” (no caso o coronavírus )
e o ambiente em sua volta. O levantamento dessas informações é chave. Lembro
que somos diferentes e cada um terá que identificar suas vulnerabilidades e tratá-las.
Não sou da área de saúde, mas
minha principal competência, além de pesquisadora, é a de produção de
informação estratégica e utilizei tal competência a meu favor. Procurei
levantar o máximo de informação sobre a doença e tratamentos existentes para
decidir qual seria a estratégia a ser adotada contra a Covid-19 ,caso me
deparasse com o vírus.
Após analisar os dados e
entrevistar vários médicos de diferentes áreas de atuação, sendo muitos da
frente de batalha, fiz minha escolha: seguir o protocolo de Madri e fortalecer
meu organismo para enfrentar a doença quando ela chegasse: alimentação
saudável, exercícios físicos diários e reforço vitamínico – elementos básicos
para o fortalecimento do organismo e da imunidade.
Faltava escolher o médico.
Queria alguém que estivesse disposto a seguir o protocolo de Madri. O problema
é que muitos médicos, apesar de confidenciarem que o utilizariam caso fossem
acometidos pela doença, não o prescreveriam, pois não havia indicação nem
comprovação científica para seu uso. Finalmente, encontrei um médico disposto a
seguir o protocolo de Madri. Ele me submeteu a uma série de exames para
verificar como estava a minha saúde e se havia alguma deficiência. Segui as
orientações dele, que dosou as vitaminas que eu já estava tomando, acrescentou
outras, bem como o uso da invermectina de forma preventiva. Afinal de contas,
não basta planejar é necessário executar a estratégia formulada.
Apesar de todos os cuidados e
de estar “em casa” durante todo o período, pois comprava tudo a distância, saia
apenas para fazer as caminhadas diárias e mais recentemente para fazer os
exames médicos – para ter um diagnóstico da minha saúde – em meado de novembro
a doença atingiu o meu lar. Entretanto, eu estava preparada. A estratégia
traçada foi executar, de forma rápida e precisa. O médico entrou rapidamente
com a medicação da primeira fase e, apesar de eu fazer parte do grupo de riscos,
os sintomas foram leves e duraram poucos dias. Não precisei entrar com as
medicações indicada para a segunda fase.
Os cuidados durante a doença
também foram importantes: isolamento, repouso, alimentação de qualidade e muito
líquido. Esses elementos junto com os medicamentos são chave. O isolamento, além
de evitar a contaminação de terceiros, evita o recebimento de nova carga viral,
o que pode levar ao agravamento do quadro. O uso das vitaminas e suplementos
alimentares ajudam meu organismo, pois não sentia fome. No início, não
conseguia comer, pois o cheiro me deixava enjoada e depois que perdi o olfato,
mal conseguia comer. Mesmo tomando suplemento alimentar emagreci três quilos em
duas semanas.
Eu já possuía até um plano de
contingência, caso eu tivesse que ser internada. Para toda estratégia, você tem
que ter o seu plano de contingência: e se?
Muitas pessoas sabem e
praticam em suas organizações a formulação de estratégia ou o planejamento
estratégico e esquecem de fazer isso para suas vidas. Entretanto, o uso dessa
metodologia na nossa vida pessoal pode ser decisivo, com esse exemplo que
compartilho.
Quando não temos uma
estratégia para a nossa vida, passamos a fazer parte da estratégia de alguém.
Perdemos as rédeas de nossa vida que passam a ser conduzida pelo acaso ou pela
estratégia de terceiros. Nesse contexto, convido-o a ser um construtor do
futuro, de estar no comando de sua vida. Lembro que para tanto você terá que
investir um tempo para produzir informação que aumente o seu conhecimento sobre
si mesmo, sobre o “inimigo” e sobre o ambiente no qual está inserido. Sem
informação de qualidade não há boa decisão. Como somos diferentes, cada um terá
que encontrar o seu caminho.
Se você ainda não contraiu a
doença, formule sua estratégia, pois mais cedo ou mais tarde você poderá se
deparar com ela e, estando preparado, será muito mais fácil passar por ela.
Lembre-se que o vírus não morre, ele está no ambiente e não vai ser só ficando
em casa que você vai estar protegido. Você poderá encontrá-lo até quando sair
para tomar a vacina.
Resolvi compartilhar minha
história, pois ela pode servir de inspiração para outras pessoas que se
esquecem da importância da formulação de uma estratégia e sua execução para a
suas vidas pessoais. O Covid-19 é um exemplo, mas temos que nos posicionar como
condutores da nossa vida, sendo assim:
Seja um construtor do seu
futuro!
1 A Dra. Elaine Marcial é coordenadora do Grupo de Pesquisa e Estudos Prospectivos
NEP-Mackenzie, especialista em planejamento por cenários e inteligência
competitiva.
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