sexta-feira, 19 de abril de 2024

Foresight e o ROI

Por Elaine Marcial

 

Um amigo me perguntou qual seria o ROI de uma empresa que resolvesse investir em foresight. Esta é uma questão que me persegue desde que eu comecei a estudar Inteligência Competitiva na década de 1990. Para mim, essa é uma pergunta sem resposta para qualquer investimento que uma organização faça em uma área ou atividade voltada para a produção de informação para a tomada de decisão.

Um dos grandes nomes da área de Inteligência Competitiva, Jean Herring, em seu livro “Measuring the effectiveness of competitive intelligenge”, explora essa temática de uma foram interessantes. Para mim sua justificativa se adequa ao foresight, visto que ambas as áreas têm como foco a produção de informação estratégica voltada para o futuro.

Herring sugere que as empresas deveriam avaliar o retorno sob um outro olhar, o do não investimento. Sendo assim, aplicando esse pensamento para o foresight, eu pergunto: Quanto sua organização perderia se:

·       Não estivesse preparada, pois não desenvolveu flexibilidade e resiliência, para enfrentar um evento disruptivo futuro ou eventos emergentes que foram identificados por um concorrente e não por ela?

·       Não aproveitasse um novo nicho e/ou segmentos de mercado, pois não imaginou que ele surgiria no futuro e os seus concorrentes os identificou e estavam preparados para aproveitá-los?

·       Não se adaptasse rapidamente às mudanças ocorridas no ambiente, pois não imaginou e nem testou suas estratégias antes que as mudanças ocorressem?

·       Não identificasse novas necessidades dos clientes que ainda não emergiram e seus concorrentes ofertassem novos produtos e serviços antes da sua organização?

·       Não identificasse e nem testasse sua estratégia em relação a tecnologias emergentes e a novas legislações, e seus concorrentes se movimentaram antes da sua organização?

·       Não reorientasse o seu negócio ou a sua estratégia, antes que seja tarde demais?

·       Não tomasse melhores decisões, pois elas estão pautadas em informações do passado e do presente e não pelo futuro, levando a uma piora do seu desempenho financeiro frentes aos concorrentes.

Ao se construir cenários, identificar megatendências ou realizar horizon scanning, principais produtos/processos do foresight, a organização desenvolve uma nova visão sobre o ambiente e a sua organização pautada não mais no passado, mas no futuro.

O foresight elimina pontos cegos, ao gerar aprendizado organizacional e construir registros sobre o futuro que irão contribuir com uma melhor tomada de decisão. Isso porque as informações sobre o futuro passam a fazer parte da memória de quem toma decisão, levando-o a considerá-las e não somente as memórias do passado.

Lembro que o sucesso obtido no passado, fruto de decisões que resultaram em receitas e lucros para a organização, não mais garantem o mesmo sucesso em um ambiente volátil e disruptivo como o de hoje em dia.

Em um ambiente turbulento e disruptivo, as organizações devem desenvolver capacidade adaptativa e de resiliência frente às mudanças do porvir. O foresight contribui ao preparar a organização para enfrentar esses eventos disruptivos e de alto risco ao possibilitar que ela teste as decisões e a estratégia antes desses eventos se materializarem.

Ao olhar para o futuro de forma criativa e sem as amarras do passado e do presente, o foresight possibilita que a organização teste não somente sua estratégia, mas seu negócio, verificando a sua consistência frente a futuros distintos. Também possibilita se reposicionar no mercado antes que seja tarde demais, ao tempo em que enxerga novos mercados, segmentos e nichos que a leva a investir em inovações, tanto em produtos quanto em serviços, a serem prestados para esses futuros clientes.

Por fim, lembro que, o que o foresight produz é informação sobre o futuro. Cabe à organização decidir que caminho irá tomar. Fazer suas apostas é uma decisão da direção da organização frente ao futuro múltiplo e incerto. O foresight produz os insumos necessários para apoiar esse processo, modifica modelos mentais e facilita o processo decisório e de formulação da estratégia ao levar o debate dessas informações sobre o futuro para o nível estratégico da organização.

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